sábado, 18 de dezembro de 2010

No clima do Natal!

1. Recicle-se! 2. Material

3. Ideias


4. Dicas do processo


5. O ínicio e o Fim

6. Detalhe do brinde



7. E o Papai Noel chegou!!!!!


8. Abra e Recicle tb!



9. Passo a passo

10. Simples assim.







domingo, 5 de dezembro de 2010

Força Tarefa!


DANUZA LEÃO

Do começo


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Só no Rio o tráfico domina territórios; para a cidade se reerguer, é fundamental a ajuda dos cariocas
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O RIO DE JANEIRO continua lindo, mas pensar que a paz reina sobre a cidade é ilusão. Paira no ar um excesso de ufanismo, mas é preciso ser muito ingênuo para achar que os problemas estão resolvidos; longe disso. A cocaína e a heroína davam um bom lucro, mas como o crack é muito mais barato, os empresários estão se sentindo prejudicados, mesmo tendo dobrado os preços. É preciso recuperar o dinheiro que não entra mais.
A droga existe -e vai continuar a existir- em quase todas as grandes capitais do mundo, mas só no Rio o tráfico toma conta de territórios, onde só entra quem os traficantes deixam. Um "Estado" dentro de outro -como o Vaticano dentro de Roma, com todo o respeito.
Mas existem coisas difíceis de entender: por exemplo, como as UPPs conseguiram pacificar alguns morros sem um só tiro, um só morto? Milagre, ou capacidade das nossas polícias? E onde foram parar todos aqueles bandidos que subiram o morro fugindo dos blindados da Marinha? Aliás, uma curiosidade: para que a Marinha tem blindados?
Todos sabemos que a droga, no mundo todo, movimenta rios de dinheiro. Não devem ser esses pobretões que vemos na TV, de sandália de dedo, bermuda e sem camisa que fazem as grandes transações do tráfico. Os que comandam de verdade não moram na "luxuosa" residência triplex, com TVs de plasma -que são vendidas em dez prestações de R$ 99 e que hoje está em todas as casas dos que subiram um degrau na escala social- e com uma piscina de plástico das mais modestas.Mas ninguém sabe o nome de um só dos verdadeiros chefões da droga, que devem morar na zona sul e jamais pisaram em nenhuma favela, nem dos que fazem a ponte entre os traficantes e os chefões. Essa ponte deve existir, é claro, e o tráfico já está se organizando para sobreviver à guerra. É prudente que as autoridades não subestimem o poder de fogo do inimigo.
O verão está chegando, o Carnaval vem aí, a cidade vai entrar em outro clima, as obras necessárias para abrigar a Copa de 2014 estão atrasadas, e a guerra vai continuar. O governador Sérgio Cabral vai ter que se virar para dar conta de tudo que o Rio precisa para que a cidade não dê vexame, de preferência viajando menos.
Liberdade, abre as asas sobre nós é um lindo samba, mas não corresponde à realidade; a guerra não acabou, e não sei de quem a população tem mais medo: se dos traficantes ou de certos policiais.
A sociedade civil tem que colaborar, é o que se ouve. Mas como? Se todos os usuários de droga parassem de se drogar, o tráfico acabaria. Mas não dá para esperar esse belo gesto de cidadania.
Talvez, para o Rio se reerguer, seja preciso começar do começo, mas para isso é fundamental a ajuda dos cariocas. Corrigindo, por exemplo, um de seus hábitos mais banais, como dirigir falando ao celular. E quando isso acontecer, não tentar se livrar do flagra dando uma cervejinha para o policial. São dois crimes, sendo que o segundo é mais grave, e se chama suborno.
Pensando bem, não conheço uma só pessoa que não faça isso. E também nunca ouvi falar de policial que tenha recusado o "agrado".

danuza.leao@uol.com.br

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

1º lugar na Lista de Desejos...


Férias no presente

Durante alguns dias de alienação as únicas preocupações do hipocampo são onde almoçar ou qual praia visitar

por Suzana Herculano-Houzel

Os livros da escola ainda teimam em dizer que o sistema nervoso é o conjunto de órgãos que nos permite detectar estímulos e responder a eles. Fosse apenas isso, não precisaríamos tirar férias: como bactérias, plantas e tantos outros seres desprovidos de cérebro, viveríamos eternamente no presente, docemente ignorantes do nosso futuro. No entanto, temos um cérebro tão capaz que consegue até encontrar problemas onde ainda não há nenhum, preocupando-se com o que provavelmente – mas só provavelmente – está por vir. Lembra do passado, revive agruras e infortúnios, faz o que pode agora para que eles não aconteçam novamente; desenvolve projeções para o futuro, tentando adivinhá-lo, e assim guia nossos passos.


Graças ao cérebro, somos seres dotados de passado e futuro – mas isso tem um preço: a ansiedade, essa capacidade de nos preocuparmos desde já com o que talvez nem chegue a acontecer. A ansiedade é um exemplo de quão cruel conseguimos ser com nós mesmos: nosso hipocampo é capaz de manter uma lista de problemas esperados rondando, ativos na memória, como uma agenda interna do que será preciso fazer eventualmente. Quanto mais ativo o hipocampo, mais alto fala em nossos ouvidos essa agenda interna, que ainda ativa um alarme próprio, implacável: o locus coeruleus, “lugar azul” do cérebro que, ao contrário do que o nome sugere, é responsável por nos deixar tensos, acordados, prontos para a ação – e preocupados com problemas por resolver.


Se por um lado pode ser útil antecipar problemas (porque assim nos preparamos de antemão e temos mais chances de resolvê-los), lidar todo dia com uma longa lista deles – trabalhos a entregar, prazos a cumprir, roupas a lavar, compras a fazer, contas a pagar – pode ser exaustivo. O que fazer nessas horas? Resolver os problemas ajuda, mas em geral fazemos isso só para então descobrir que outros apareceram em seu lugar. A opção, bem-vinda após períodos de grande ansiedade, é decretar, temporariamente, que problemas futuros não existem, ou no mínimo podem ser ignorados com segurança por alguns dias.


A esses preciosos dias de alienação mental damos o nome de... férias. Ah, a doce sensação de viver somente no presente, ainda que por poucos dias! Em férias de verdade, as únicas preocupações que o hipocampo representa para o resto do seu cérebro são imediatas e triviais: onde almoçar, qual praia ou museu visitar, qual das redes da varanda oferecer a melhor combinação de vento e sombra ou que livro ler primeiro. Reconhecer que tiramos férias da nossa capacidade de viver antecipando os problemas do futuro ajuda a planejá-las, ou pelo menos a evitar autossabotagens. Portanto, nada de levar computador para resolver de longe os problemas do escritório; celular deve ser só para ligar para fazer a reserva do restaurante. Avise no trabalho e em casa que você não vai poder atender o telefone. Emergência? SMS existe para isso. E nada de maratonas do tipo “Europa-inteira-em-uma-semana”, pois só serviria para arranjar mais ansiedade.


E se não der para tirar duas boas semanas de férias... Que tal aprender a transformar cada fim de semana em miniférias em casa, no presente, sem preocupações com o trabalho da semana seguinte ou com os prazos a cumprir? Não é tão difícil quanto parece; experimente começar desligando o computador e deixando os e-mails para a segunda-feira. Afinal, você merece – e ainda tem chances de começar a semana revigorado, e até se esmerando ainda mais naquilo que não pôde fazer nas suas miniférias: trabalhar!

Suzana Herculano-Houzel é neurocientista, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

FONTE: Revista Mente Cérebro

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Sábio conselho"


Mariana ficou toda feliz porque ganhou de presente um joguinho de chá, todo azulzinho, com bolinhas amarelas.
No dia seguinte, Júlia sua amiguinha, veio bem cedo convidá-la para brincar.
Mariana não podia, pois iria sair com sua mãe naquela manhã.
Júlia então, pediu a coleguinha que lhe emprestasse o seu conjuntinho de chá para que ela pudesse brincar sozinha na garagem do prédio.
Mariana não queria emprestar, mas, com a insistência da amiga, resolveu ceder, fazendo questão de demonstrar todo o seu ciúme por aquele brinquedo tão especial.
Ao regressar do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão.
Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava toda quebrada.
Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou:
"Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo?
Emprestei o meu brinquedo, ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão.
Totalmente descontrolada, Mariana queria, porque queria, ir ao apartamento de Júlia pedir explicações.
Mas a mãe, com muito carinho ponderou:
"Filhinha, lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro, passando, jogou lama em sua roupa?
Ao chegar em casa você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou.
Você lembra o que a vovó falou?
Ela falou que era para deixar o barro secar primeiro. Depois ficava mais fácil limpar.
Pois é, minha filha, com a raiva é a mesma coisa.
Deixa a raiva secar primeiro..
Depois fica bem mais fácil resolver tudo.
Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu seguir o conselho da mãe e foi para a sala ver televisão.
Logo depois alguém tocou a campainha..
Era Júlia, toda sem graça, com um embrulho na mão.
Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando:
"Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atrás da gente?
Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei.
Aí ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você havia me emprestado.
Quando eu contei para a mamãe ela ficou preocupada e foi correndo comprar outro brinquedo igualzinho para você.
Espero que você não fique com raiva de mim.
Não foi minha culpa."
"Não tem problema, disse Mariana, minha raiva já secou."
E dando um forte abraço em sua amiga, tomou-a pela mão e levou-a para o quarto para contar a história do vestido novo que havia sujado de barro.
Nunca tome qualquer atitude com raiva.

A raiva nos cega e impede que vejamos as coisas como elas realmente são.

Assim você evitará cometer injustiças e ganhará o respeito dos demais pela sua posição ponderada e correta.

Diante de uma situação difícil. Lembre-se sempre: Deixe a raiva secar.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Pesquisas pelo mundo!


04 de novembro de 2010


Maus hábitos podem ajudar a combater distúrbios?
Cientistas descartaram a cafeína e a nicotina como substâncias protetoras, mas encontraram nelas componentes promissores para combater o Parkinson

© silver-john/shutterstock



Alguns estudos têm mostrado que consumidores compulsivos de café e fumantes têm menos risco de apresentar a doença de Parkinson. Inspirados nesses resultados, cientistas da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, decidiram aprofundar as pesquisas e começaram a investigar como o café forte e os cigarros afetam as moscas-das-frutas. Os tremores e outros sintomas motores comuns em pacientes com Parkinson são desencadeados pela morte de células cerebrais responsáveis pela produção do neurotransmissor dopamina; assim, os pesquisadores usaram moscas que haviam sido geneticamente modificadas para que as células de dopamina morressem em razão do envelhecimento. Quando o pesquisador Leo Pallanck e seus colegas alimentaram as cobaias com extratos de café e de tabaco, descobriram que os neurotransmissores dopamina dos insetos sobreviveram mais e seu tempo de vida, de forma geral, também aumentou. Os cientistas descartaram a cafeína e a nicotina como substâncias protetoras, mas encontraram nelas componentes promissores para combater o Parkinson e pretendem realizar novos testes.


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Você sabia?


http://sentirbem.uol.com.br/index.php?modulo=comportamento


A Congregação das Causas dos Santos do Vaticano reconheceu a beatificação de Irmã Dulce (1914-1992) ao validar um milagre.

domingo, 17 de outubro de 2010

Momentos de Luxo!



Esta expressão pode ser encontrada em "Odes" (I,, 11.8) do poeta romano Horácio (65 - 8 AC), onde se lê:

Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.
seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi
spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida
aetas: carpe diem quam minimum credula postero.


Tu não procures - não é lícito saber - qual sorte a mim qual a ti
os deuses tenham dado, Leuconoe, e as cabalas babiloneses
não investigues. Quão melhor é viver aquilo que será,
sejam muitos os invernos que Júpiter te atribuiu,
ou seja o último este, que contra a rocha extenua
o Tirreno: sê sábia, filtra o vinho e encurta a esperança,
pois a vida é breve. Enquanto falamos, terá fugido
ávido o tempo: Colhe o instante, sem confiar no amanhã.

Nos dias atuais, acrescentaram um mas...

Carpe Diem é uma frase em latim de um poema de Horácio, e é popularmente traduzida para colha o dia ou aproveite o momento.
...É também utilizado como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Nadar contra a maré




Bem-estar é o novo luxo

O sociólogo francês Gilles Lipovetsky conta como a era do hiperconsumo está transformando nossos conceitos e vontades

O sociólogo francês Gilles Lipovetsky, 66, tornou-se popular por escolher o consumo, a moda e o luxo como objetos de estudo. De jeans e sandálias, o autor de "A Felicidade Paradoxal" e "O Império do Efêmero" recebeu a reportagem na cobertura de um prédio na zona sul de São Paulo, onde foi hospedado.
Na cidade para um fórum mundial de turismo, Lipovetsky veio falar sobre o "consumo de experiência".
Abaixo, fala também da obsessão pela saúde e afirma: bem-estar é o novo luxo.

Folha - O que é "consumo de experiência"?
Gilles Lipovetsky - Vai além dos produtos que podem me trazer esse ou aquele conforto, ou me identificar com essa ou aquela classe. As razões para escolher um celular, hoje, vão além das especificações. Queremos ouvir música, tirar fotos, receber e-mails, jogar. Ter vivências, sensações, prazeres. É um consumo emocional.

Então, o que é o luxo, hoje?
O luxo, apesar de ainda existir na forma tradicional, também está mudando.
Quando buscamos um hotel de luxo hoje, não queremos torneiras de ouro, lustres. O luxo está nas experiências de bem-estar que o lugar pode oferecer. Spa, sala de ginástica, serviço de massagem. O bem-estar é o novo luxo.

Como consumir bem-estar?
Nos anos 60 e 70, quando o consumo de massa possibilitou que famílias de classe média se equipassem com produtos, o bem-estar ainda era medido em termos de quantidade. Hoje, o que está na cabeça das pessoas é o bem-estar qualitativo: a tal qualidade de vida. O que inclui a qualidade estética.

Qual a relação entre busca de bem-estar e uma sociedade mais e mais "medicalizada"?
A obsessão com a saúde e a prevenção é o lado obscuro do hiperconsumismo, gerador de ansiedade quase higienista. A quantidade de informação disponível torna o consumo complicado. Na alimentação, os consumidores estão ávidos pela leitura dos rótulos: quais são os ingredientes, de onde vêm, podem causar câncer, engordar? Há 40 anos, íamos ao médico uma vez por ano, se muito.
Hoje, um indivíduo faz até dez consultas por ano. O consumo de exames, para nos fazer sentir "seguros", cresce exponencialmente. Sintoma do hiperconsumismo: queremos comprar nossa saúde.


Como vê as campanhas contra o cigarro e a obesidade?
O hiperconsumidor está preso num emaranhado de informações e ele tem muitas regras a seguir. Parar de fumar faz parte da lógica da prevenção. É um sacrifício do presente em prol do futuro.
No hiperindividualismo, a gestão do corpo é central. Esse autogerenciamento permanente explica, também, a onda do emagrecimento.
Expor-se ao sol é arriscado, mas é considerado bonito ter a pele bronzeada. Privar-se de comer é privar-se do prazer. É um paradoxo que todos vivem e, por isso, no caso dessas mulheres subjugadas ao terrorismo da magreza, elas sentem culpa. As regras são contraditórias.


Qual é a saída para toda essa ansiedade?
As compras. Antes as pessoas iam à missa, agora elas vão ao shopping center.
Comprar, ir ao shopping, viajar -são as terapias modernas para depressão, tristeza, solidão. Você pode comprar "terapias de desenvolvimento pessoal". Um fim de semana zen, um pacote de massagens. Todas as esferas de vida estão subjugadas à lógica do mercado.

Por que as pessoas não se sentem felizes?
O hiperindividualismo aparece quando nossa sociedade nega as instituições da coletividade. A religião, a comunidade, a política. Os deuses são os homens. O indivíduo é um agente autônomo que deve gerenciar a própria existência. Esse indivíduo pode fazer escolhas privadas -que profissão fazer, com quem se casar, o que comprar- mas está submetido às regras da globalização econômica de eficácia, de produtividade, juventude, consumo. O acesso ao conforto material, enquanto sociedade, não nos aproximou da felicidade. Há tanta ansiedade, tanto estresse, tanta angústia e tanto medo que a abundância não consegue proporcionar um sentimento de completude.

Consumimos para esquecer?
Também. Mas há um outro lado. Desenvolvemos o que eu chamei de "don juanismo" [ele cita o personagem "Don Juan", da ópera de Mozart, que "conheceu" 1.003 mulheres]. Todos nos transformamos em Dons Juans.
Somos todos colecionadores de experiências. Temos medo que a vida passe ao largo.
Existe um senso comum que nos diz que se não tivermos vivido tal ou tal experiência, teremos perdido nossa vida.
É uma luta contra o tédio, uma busca incansável e viciada pela novidade, pela fuga da rotina.

São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2010
IZABELA MOI
EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRÍSSIMA

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

"Faça o que eu falo...



20.08.10


De Eduardo Paes a Florestan Fernandes, que distância!

Ouvi hoje na rádio BandNews FM que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, admitiu ter recorrido a um hospital particular no começo deste mês para tratar um cálculo renal porque não confiava nos estabelecimentos públicos de saúde. Na segunda-feira dessa semana, o governador carioca Sérgio Cabral também foi internado em uma clínica privada, após torcer o joelho. Se eu morasse no Rio de Janeiro, a primeira questão que viria à cabeça seria: “Ué, mas se eles fazem tanta propaganda da melhora nos hospitais públicos, por que não os utilizam?”

Eduardo Paes foi sincero, temos que admitir. Afirmou que, como pode pagar por um plano de saúde, não vai entrar na fila de um Souza Aguiar da vida. Sua declaração revela o óbvio: a lógica que seguimos hoje continua a ser a de sucateamento do Estado, que vigorou nos anos de neoliberalismo e ainda não foi revertida. As classes alta e média, que podem custear tratamentos privados, o fazem sem pestanejar, enquanto o resto da população espera até um ano para marcar uma simples cirurgia.

Mas Eduardo Paes fez mais do que isso. Mostrou também qual é o tipo de político que temos: os que não são como Florestan Fernandes. Em agosto completa-se 15 anos da morte do sociólogo. Além de professor da Universidade de São Paulo, aquele que foi engraxate quando criança chegou duas vezes à Câmara dos Deputados. Entre outras, a ética e a coerência eram duas de suas maiores virtudes, como sempre lembram seus convivas.

Tanto que, aos 75 anos, quando já estava doente, não foi para uma clínica particular, mas sim para um hospital público. Queria ter o mesmo atendimento que os seus eleitores, o povo.

Dizem as más línguas que o então presidente Fernando Henrique Cardoso, que havia acompanhado de perto sua trajetória acadêmica, foi até o hospital tentar demovê-lo do que acreditava ser uma verdadeira loucura. Ofereceu até mesmo um tratamento nos Estados Unidos. Mas Florestan se negou a sair de lá e acabou falecendo em decorrência de um erro médico. E da ausência do Estado que lutava para (re)construir.

Não entendo isso como um sacrifício a ser louvado, mas como uma última lição que deveríamos aprender desse mestre. Em tempos de Eduardo Paes, Sérgio Cabral e tantos outros, será que ainda existem políticos assim? Pensemos nisso antes de votar.



Escrito por Maíra Kubík Mano às 11h41

(é jornalista. Mestre em Ciência Política, estuda a relação entre a mídia e as mulheres. É editora de Le Monde Diplomatique Brasil)

Boa Idéia!




O antivoto

Li por aí que, se você for se casar e quiser medir a intensidade da vida sexual a dois, é só reservar uma pia no apartamento do casal e, no primeiro ano de casamento, depositar nela uma bolinha de gude cada vez que fizerem amor.
E, a partir do segundo ano, retirar uma bolinha cada vez que acontecer.
Você ficará besta de ver como foi fácil encher a pia -e como parece difícil esvaziá-la.
Tirando o cinismo e o pessimismo, resta o realismo da observação: o ser humano é assim mesmo, capaz de banalizar o sublime.
Mas a ideia de um monitoramento diário poderia muito bem ser aplicada à administração presidencial.
Funcionaria assim: encerrada a campanha, efetuada a votação, apurados os votos e empossado o vencedor, a avaliação começaria imediatamente. Uma certa quantidade de cabines eleitorais, com mesário, fiscal etc., continuaria a funcionar full-time em cada cidade, apta a receber eleitores que, arrependidos, quisessem retirar seu voto no candidato.
A apuração desses antivotos seria diária e pública, e confrontada com a votação original.
Os telejornais e a internet divulgariam o resultado daquele dia:
"Hoje, o presidente recebeu 94.715 antivotos, perfazendo um total de 6.211.457 antivotos depositados desde a posse por pessoas insatisfeitas com sua administração. Mas, considerando-se os 48.313.989 que recebeu ao ser eleito, ainda mantém a confortável margem de 42.102.432 votos".
Se chegar a um patamar xis de desaprovação, o presidente deverá devolver o mandato e convocar novas eleições.
Tecnologia para apurar esses milhões de votos, temos de sobra.
Pena que, se vier a ser aplicado, tal sistema não alcançará a eleição de Dilma, Serra ou Marina.
A julgar por suas campanhas, desconfio que, em menos de dois anos, qualquer um deles, se eleito, já estaria no negativo.
RUY CASTRO
RIO DE JANEIRO
FolhaSP_Opinião, sexta-feira, 20 de agosto de 2010

* Descobrindo a Relação


D.R.*

Com ele, aprendeu que ninguém é de ninguém
A solidez se constrói com momentos insólitos
(aos olhos alheios, principalmente).
Com ele, compartilha a crença de que é dando
que se recebe...
Com ele, se encantou à primeira vista,
sem doces ilusões!
Com ele, é perigosa simplesmente para não ferir
ou ser ferida.
Com ele, entendeu o termo Pessoa Jurídica.
Ave César!

domingo, 1 de agosto de 2010

Rapazes, Incríveis e Aborígenes


O Homem Maradona



Antes de tudo. Esqueçam que ele é argentino. O que eu pretendo falar aqui não tem nada a ver com rixas entre países. O que acontece (e as garotas espertas já estão percebendo isso) é que existe algo de incrível no Maradona. Algo que faz com que nós, moças, suspiremos por ele. Vou além e afirmo. O Maradona representa um tipo de homem, um cara adoravelmente encrenqueiro e, obviamente, uma roubada.

O Homem Maradona é aquele que nos pega pela coragem, cara de pau e carisma. Nada a ver com seus atributos físicos. Pelo contrário. Um homem desses em geral é feio. Feio que dói. Mas nos seduz com sua vontade de viver e sua aptidão para fazer coisas malucas. Como jurar que vai correr pelado no meio da rua se o seu time for campeão. Como não se deixar seduzir por um tipo desses?..

Claro, não vamos deixar de lado outro atrativo do Homem Maradona. Ele é boêmio, que é a maneira carinhosa que usamos para nos referir aos bêbados. E ex-junkie, que é a maneira carinhosa que usamos para nos referir a homens que já passaram por centros de reabilitação. Sim, um lado maluco da nossa personalidade se atrai por esses tipos. E isso não dá para negar.

Junte tudo isso com um cara apegado aos filhos (que usa terno porque eles pediram) e que é amigo de políticos de esquerda e pronto, aí está um tipo atraente, que pode fazer qualquer moça (a) normal se apaixonar.

Todas nós já tivemos um homem meio Maradona na vida. E depois que passamos por um deles sabemos claramente que o melhor a se fazer é ser amigo de um tipo desses! E não namorada. E muito menos mulher. Mas que os Homens Maradona são adoráveis, ah, isso são. (nina lemos).



:: Escrito por 02 Neurônio às 21h15

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Paciência



No parque, uma mulher sentou-se ao lado de um homem.
Ela disse:
Aquele ali é meu filho, o de suéter vermelho deslizando no escorregador.

- Um bonito garoto - respondeu o homem - e completou:
- Aquela de vestido branco, pedalando a bicicleta, é minha filha.

Então, olhando o relógio, o homem chamou a sua filha.

- Melissa, o que você acha de irmos?

Mais cinco minutos, pai. Por favor. Só mais cinco minutos!

O homem concordou e Melissa continuou pedalando sua
bicicleta, para alegria de seu coração.

Os minutos se passaram, o pai levantou-se e novamente chamou sua filha:
- Hora de irmos,agora?

Mas, outra vez Melissa pediu:
- Mais cinco minutos,pai. Só mais cinco minutos!

O homem sorriu e disse:
- Está certo!

- O senhor é certamente um pai muito paciente - comentou a
mulher ao seu lado.

O homem sorriu e disse:

- O irmão mais velho de Melissa foi morto no ano passado por um motorista
bêbado, quando montava sua bicicleta perto daqui. Eu nunca passei muito tempo com meu
filho e agora eu daria qualquer coisa por apenas mais cinco minutos com ele.

Eu me prometi não cometer o mesmo erro com Melissa.
Ela acha que tem mais cinco minutos para andar de bicicleta.
Na verdade, eu é que tenho mais cinco minutos para vê-lá brincar...

Em tudo na vida estabelecemos prioridades.
Quais são as suas?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

frases furtivas


"Ayer es historia. Mañana un misterio.
Hoy es un regalo, por eso es llamado Presente."

“Acho que devemos fazer coisa proibida – senão sufocamos. Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres.” C.Lispector

sábado, 3 de julho de 2010

Dá-lhe Juba!




Give me freedom, give me fire, give me reason, take me higher
See the champions, take the field now, you define us, make us feel proud
In the streets are, exaliftin , as we lose our inhabition,
Celebration its around us, every nations, all around us
Singin forever young, singin songs underneath that sun
Lets rejoice in the beautifull game.
And toghetter at the end of the day.
When I get older I will be stronger

They’ll call me freedom Just like a wavin’ flag

And then it goes back
And then it goes back
And then it goes back

When I get older I will be stronger
They’ll call me freedom
Just like a wavin’ flag

And then it goes back
And then it goes back
And then it goes


A Ópera Bufa!







Com eficiência e show, Alemanha atropela e despacha a Argentina




A Alemanha uniu show e eficiência para golear a Argentina por 4 a 0 e se classificar para as semifinais da Copa do Mundo. Após marcar logo no começo do jogo, os alemães, do excelente Schweinsteiger, controlaram a partida por quase uma hora. Quando a Argentina estava melhor, a Alemanha marcou o segundo e aniquilou os rivais. Apareceu a estrela de Klose, que balançou as redes duas vezes e garantiu a goleada germânica. Com os tentos marcados no jogo, Klose ficou a apenas um gol de igualar-se a Ronaldo como o maior artilheiro da história da Copa do Mundo.

Resumo da Ópera!!!! Copa 2010.




Brasil perde a cabeça, sofre virada e o sonho do hexa fica para 2014



Estava tudo pronto para uma vitória incontestável. Domínio total no primeiro tempo, 1 a 0, chances de gol, bom futebol, jogo fácil. Na segunda etapa, a história mudou de rumo, e o time só perdeu. A superdefesa perdeu duas bolas pelo alto e levou a virada. A seleção se perdeu em campo e não teve mais reação. Felipe Melo perdeu a cabeça, agrediu Robben e foi expulso. O Brasil se perdeu taticamente, tecnicamente, emocionalmente. Pelo segundo Mundial seguido, a equipe perdeu nas quartas de final. O fato de trocar a badalação de 2006 para isolamento de 2010 não surtiu efeito. Depois de quatro anos, o sentimento de decepção se repete. Agora, o sonho do hexacampeonato fica para 2014, quando o Brasil recebe a Copa. Mais quatro anos de espera!!!!!




sexta-feira, 18 de junho de 2010

Pensamento do dia

Cada vez mais o ditado "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come" me persegue!!!!! rsrsrsrs

sábado, 13 de março de 2010

"A vida como ela é... vivida"

13/03/2010
Idosos do Haiti sofrem mais com os fardos do terremoto

Ian Urbina
Em Leogane (Haiti)

Junie Sufrad, 110 anos, sobreviveu ao terremoto no Haiti, parou de repente enquanto descrevia como era a vida no interior do Haiti antes da eletricidade, estradas pavimentadas e carros.
“Eu não sei se é sorte ou azar ainda estar aqui”, ela disse após uma longa pausa, acrescentando que apesar de não ter perdido nenhum membro, o terremoto de janeiro a deixou como uma amputada. “É como se tivesse perdido parte de mim.”
Sufrad é um monumento ao passado em uma nação que foi separada dele.
Como outros sobreviventes idosos do terremoto, ela é um repositório raro da história e cultura deste país, mas ela disse que considera suas lembranças mais um fardo doloroso do que um legado orgulhoso.
Não estranhos às dificuldades, os idosos haitianos se veem distintamente vulneráveis e emocionalmente abalados atualmente. Eles envelheceram em um lugar onde muitas pessoas morrem jovens. Com a longevidade, vem a culpa do sobrevivente.
“Você supostamente não deveria viver mais que seus filhos e netos”, ela disse.
Um censo preliminar, divulgado no mês passado por uma organização de ajuda humanitária, apontou que aproximadamente 7%, ou cerca de 84 mil, dos estimados 1,2 milhão de haitianos que foram deslocados pelo terremoto, têm mais 60 anos.
A ONU também divulgou um relatório no mês passado, declarando que apesar da privação que mulheres jovens e crianças sofrem no Haiti desde o terremoto, são os idosos que correm maior risco. Os idosos têm sido ignorados pelos esforços de ajuda humanitária porque são mais frágeis, têm menos mobilidade e são menos veementes em suas exigências por água e comida, explicaram os representantes da ONU.
Mas as necessidades dos idosos que estão provando ser as mais difíceis, dizem seus defensores, são coisas intangíveis como segurança, continuidade e esperança.
Ao lado das ruínas do Asilo Municipal no bairro Delmas 2 de Porto Príncipe, quase 3 mil desabrigados passaram a habitar o que costumava ser o pátio tranquilo do asilo.
“Eu apenas quero ir para casa”, disse Jacqueline Thermitis, 71 anos, uma moradora do asilo, enquanto olhava para o mar de placas de metal corrugado, lonas e redes de plástico.
Já desorientado pela idade, um homem em uma cadeira de rodas parecia ainda mais confuso ao perguntar a ela quando voltariam para Porto Príncipe. “Este lugar é horrível”, ele disse.
A rotina, que por tanto tempo serviu como guia para os 75 ex-moradores do asilo, se foi. Assim como a privacidade e dignidade, já que tomar banho e defecar agora são feitos em público em baldes.
Aproximadamente metade deles diz estar assustado demais para voltar para dentro do asilo após ter sido reparado. Isso significa que muitos deles, que já estão doentes, enfrentarão a futura estação das chuvas em tendas surradas.
Para evitar disputas violentas, os funcionários de ajuda humanitária pararam de despejar dos caminhões as refeições prontas e água engarrafada como método de distribuição. Em vez disso, eles passaram a entregar os suprimentos a granel para mulheres que aguardam em longas filas que dobram o quarteirão.
Mas o sistema ainda é inadequado para os idosos, dizem os defensores.
“Faz sentido pedir para que uma pessoa de 70 anos carregue um saco de arroz de 50 quilos ou espere por duas horas em uma fila?” perguntou Jonathan Barden, um gerente do programa de emergência da HelpAge International, um grupo de defesa dos idosos.
Um número desproporcional de mais de 200 mil mortos no terremoto foi de pessoas com mais de 60 anos, segundo a ONU. Isso ocorreu principalmente porque a probabilidade era maior dos idosos estarem em lugares fechados, em vez de voltando do trabalho ou da escola, quando o ocorreu o desastre, no início da noite de 12 de janeiro, disseram as autoridades.
Os moradores mais velhos que sobreviveram –ou pelo menos aqueles que sobreviveram com suas faculdades intactas– parecem bastante cientes da escala histórica dos danos.
No parque Champ de Mars, Michel Fretond, 82 anos, apontou que o Haiti foi a primeira república negra independente do mundo. “Agora o relógio voltou ao zero”, ele disse, com um riso zombeteiro.
Não longe dali, o Palácio Nacional e os ministérios da Justiça e Finanças permanecem em vários estados de ruínas.
Na Direction Générale des Impôts, o prédio da receita, homens trajando macacões azuis usavam perfuratrizes para atravessar pilhas de lajes de concreto e ferros retorcidos. Enterrados ali –eles esperam– estão o que restou de arquivos e livros contábeis com informações vitais utilizadas para carteiras de motorista, passaportes, placas de automóveis e documentos de identidade.
“Não faz sentido eu ainda estar aqui”, acrescentou Fretond, descrevendo como seus dois filhos e três netos morreram no terremoto.
Mas Fretond, e outros de sua idade, são uma raridade aqui.
Aproximadamente metade da população do Haiti tem menos de 18 anos e a expectativa de vida é de 61 anos, em comparação a 78 anos nos Estados Unidos.
Mas devido ao impacto do HIV e Aids nas gerações intermediárias, e por causa dos pais frequentemente deixarem o país em busca de trabalho, os idosos exerceram historicamente um papel importante no Haiti, o de cuidar dos membros mais jovens da família.
Mais recentemente, eles têm servido a outros propósitos.
Nas aldeias, os idosos são aqueles que sabem quem morou em uma casa em particular, quem era parente de uma certa criança e quem era o dono de que terras”, disse Michel Bonnardeaux, um porta-voz da ONU, acrescentando que a ONU pediu aos aldeões idosos que ajudem no início de um registro nacional de certidões de nascimento e documentação de imóveis.
“A memória deles é um recurso nacional”, ele disse. “Pelo menos para nós.”
Cindy Powell, uma funcionária de ajuda humanitária da HelpAge que está reunindo as histórias orais dos haitianos mais velhos, disse que em certas ocasiões ela ouviu os idosos escaparem do presente compartilhando uma risada sobre dias melhores. Mas aqueles momentos eram fugazes, ela disse, e as conversas acabavam terminando em um silêncio melancólico.
De volta a Leogane, o epicentro do terremoto, Sufrad estava novamente respondendo perguntas no mês passado sobre sua infância.
Ela não se lembrava das datas. Mas ela se lembrava dos traumas das últimas cinco décadas: terremotos, furacões e “os homens com facões” dos tempos de Duvalier.
Um sorriso largo apareceu em seu rosto ao contar sobre quando provou sorvete pela primeira vez e sobre a encrenca em que se meteu quando fugiu de casa na adolescência para pular o Carnaval.
Sua lembrança mais querida foi de seu casamento, “por volta de quando Borno foi o presidente”, ela disse, se referindo a Louis Borno, que governou de 1922 a 1930. Sua lembrança mais triste foi de ver um de seus filhos ir para a prisão.
Ao ser perguntada por que imaginava ter sobrevivido por tanto tempo e o que futuro poderia reservar, Sufrad deu de ombros.
Em vez de olhar para frente ou para trás, ela disse, ele prefere olhar para o alto.
“Para Deus”, ela disse, apontando para o céu. “Ele me mantém aqui, por ora.”
Tradução: George El Khouri Andolfato

sábado, 2 de janeiro de 2010

Go home!!!!


Ninguém é de ferro

por Moacyr Scliar


O poeta pernambucano Ascenso Ferreira (1895-1965) era conhecido pelo humor e pela irreverência. Nada o comprova mais do que seu poema “Filosofia”:
“Hora de comer, – comer!
Hora de dormir, – dormir!
Hora de vadiar, – vadiar!
Hora de trabalhar?
– Pernas pro ar que ninguém é de ferro!”.
Alguém poderia dizer que esta é uma genuína expressão do caráter brasileiro, tal como o famoso “Ai, que preguiça!”, que o personagem Macunaíma de Mário de Andrade repete a todo instante. Mas o que o brasileiro comum está longe de ser é preguiçoso. Gente que acorda às 4 da manhã para ir ao trabalho, dá duro em troca de um salário ínfimo, envelhece e adoece trabalhando, jamais poderia ser acusada de preguiçosa. De outra parte, a aversão ou o desprezo ao trabalho é algo frequente e antigo em determinadas classes sociais. A palavra “negócio” vem do latim nec otium (não ócio). E era um termo pejorativo. O ócio era um direito de gente influente, superior; negócio era para a ralé, para os ambiciosos.

O trabalho físico e manual era particularmente desprezado. Isso se tornava evidente no exercício da medicina. Durante muito tempo os médicos consideraram que diagnosticar e tratar era uma ação que deveria ser feita com a cabeça, não com as mãos. Médicos não faziam incisões em abscessos, por exemplo. Quem cuidava disso era o barbeiro. Na era moderna, por causa dos ferimentos de guerra, a cirurgia passou a ser respeitada, mas até há pouco tempo, na Inglaterra, o título “doctor” se aplicava ao clínico; o cirurgião era “mister”.

No Brasil colônia trabalho era coisa para escravo e havia um costume muito curioso entre certos homens: deixavam crescer a unha do dedo mínimo, que atingia enormes dimensões. Tratava-se de uma mensagem: “Esta unha prova que eu não trabalho com as mãos”. Igualmente desprezado era o imigrante, o colono, que labutava no campo ganhando muito pouco. Gente inteligente, gente fina, ganhava dinheiro sem trabalhar.

Mas, por incrível que pareça, a crítica ao trabalho também podia vir da esquerda. O escritor cubano Paul Lafargue (1842-1911) trata desse tema. Filho de um francês com uma judia e neto de uma mulata, Lafargue estudou medicina na França, tornando-se um resoluto militante socialista (não por acaso casou-se com Laura, filha caçula de Karl Marx). Lafargue escreveu O direito à preguiça (1880), um pequeno livro, quase um panfleto, no qual contesta a visão liberal, conservadora ou mesmo esquerdista, do trabalho. É preciso lembrar que nessa época a jornada podia facilmente chegar a 16 horas. Diz Lafargue: “Uma estranha loucura apossa-se das classes operárias das nações onde impera a civilização capitalista. Tem como consequência as misérias individuais e sociais que, há séculos, torturam a nossa triste humanidade. Esta loucura é a paixão doentia pelo trabalho, levada até o esgotamento das forças vitais do indivíduo e sua prole.(...) Na sociedade capitalista, o trabalho é a causa de toda degeneração intelectual, de toda deformação orgânica”.

A pregação de Lafargue teria continuidade com a obra O elogio ao ócio (1932) do contestador filósofo inglês Bertrand Russel. “A ideia de que os pobres devem ter direito ao lazer sempre chocou os ricos. Na Inglaterra do início do século XIX, a jornada de trabalho de um homem adulto tinha 15 horas e algumas crianças cumpriam. Quando uns abelhudos intrometidos vieram afirmar que a jornada era longa demais, foi-lhes dito que o trabalho mantinha os adultos longe da bebida, e as crianças, afastadas do crime.”

Mais recentemente, o italiano Domenico de Masi lançou o conceito do ócio criativo: trabalho, estudo e lazer conjugam-se para satisfazer melhor as necessidades humanas. Pensando bem, Ascenso Ferreira não estava tão errado...