sábado, 18 de dezembro de 2010

No clima do Natal!

1. Recicle-se! 2. Material

3. Ideias


4. Dicas do processo


5. O ínicio e o Fim

6. Detalhe do brinde



7. E o Papai Noel chegou!!!!!


8. Abra e Recicle tb!



9. Passo a passo

10. Simples assim.







domingo, 5 de dezembro de 2010

Força Tarefa!


DANUZA LEÃO

Do começo


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Só no Rio o tráfico domina territórios; para a cidade se reerguer, é fundamental a ajuda dos cariocas
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O RIO DE JANEIRO continua lindo, mas pensar que a paz reina sobre a cidade é ilusão. Paira no ar um excesso de ufanismo, mas é preciso ser muito ingênuo para achar que os problemas estão resolvidos; longe disso. A cocaína e a heroína davam um bom lucro, mas como o crack é muito mais barato, os empresários estão se sentindo prejudicados, mesmo tendo dobrado os preços. É preciso recuperar o dinheiro que não entra mais.
A droga existe -e vai continuar a existir- em quase todas as grandes capitais do mundo, mas só no Rio o tráfico toma conta de territórios, onde só entra quem os traficantes deixam. Um "Estado" dentro de outro -como o Vaticano dentro de Roma, com todo o respeito.
Mas existem coisas difíceis de entender: por exemplo, como as UPPs conseguiram pacificar alguns morros sem um só tiro, um só morto? Milagre, ou capacidade das nossas polícias? E onde foram parar todos aqueles bandidos que subiram o morro fugindo dos blindados da Marinha? Aliás, uma curiosidade: para que a Marinha tem blindados?
Todos sabemos que a droga, no mundo todo, movimenta rios de dinheiro. Não devem ser esses pobretões que vemos na TV, de sandália de dedo, bermuda e sem camisa que fazem as grandes transações do tráfico. Os que comandam de verdade não moram na "luxuosa" residência triplex, com TVs de plasma -que são vendidas em dez prestações de R$ 99 e que hoje está em todas as casas dos que subiram um degrau na escala social- e com uma piscina de plástico das mais modestas.Mas ninguém sabe o nome de um só dos verdadeiros chefões da droga, que devem morar na zona sul e jamais pisaram em nenhuma favela, nem dos que fazem a ponte entre os traficantes e os chefões. Essa ponte deve existir, é claro, e o tráfico já está se organizando para sobreviver à guerra. É prudente que as autoridades não subestimem o poder de fogo do inimigo.
O verão está chegando, o Carnaval vem aí, a cidade vai entrar em outro clima, as obras necessárias para abrigar a Copa de 2014 estão atrasadas, e a guerra vai continuar. O governador Sérgio Cabral vai ter que se virar para dar conta de tudo que o Rio precisa para que a cidade não dê vexame, de preferência viajando menos.
Liberdade, abre as asas sobre nós é um lindo samba, mas não corresponde à realidade; a guerra não acabou, e não sei de quem a população tem mais medo: se dos traficantes ou de certos policiais.
A sociedade civil tem que colaborar, é o que se ouve. Mas como? Se todos os usuários de droga parassem de se drogar, o tráfico acabaria. Mas não dá para esperar esse belo gesto de cidadania.
Talvez, para o Rio se reerguer, seja preciso começar do começo, mas para isso é fundamental a ajuda dos cariocas. Corrigindo, por exemplo, um de seus hábitos mais banais, como dirigir falando ao celular. E quando isso acontecer, não tentar se livrar do flagra dando uma cervejinha para o policial. São dois crimes, sendo que o segundo é mais grave, e se chama suborno.
Pensando bem, não conheço uma só pessoa que não faça isso. E também nunca ouvi falar de policial que tenha recusado o "agrado".

danuza.leao@uol.com.br

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

1º lugar na Lista de Desejos...


Férias no presente

Durante alguns dias de alienação as únicas preocupações do hipocampo são onde almoçar ou qual praia visitar

por Suzana Herculano-Houzel

Os livros da escola ainda teimam em dizer que o sistema nervoso é o conjunto de órgãos que nos permite detectar estímulos e responder a eles. Fosse apenas isso, não precisaríamos tirar férias: como bactérias, plantas e tantos outros seres desprovidos de cérebro, viveríamos eternamente no presente, docemente ignorantes do nosso futuro. No entanto, temos um cérebro tão capaz que consegue até encontrar problemas onde ainda não há nenhum, preocupando-se com o que provavelmente – mas só provavelmente – está por vir. Lembra do passado, revive agruras e infortúnios, faz o que pode agora para que eles não aconteçam novamente; desenvolve projeções para o futuro, tentando adivinhá-lo, e assim guia nossos passos.


Graças ao cérebro, somos seres dotados de passado e futuro – mas isso tem um preço: a ansiedade, essa capacidade de nos preocuparmos desde já com o que talvez nem chegue a acontecer. A ansiedade é um exemplo de quão cruel conseguimos ser com nós mesmos: nosso hipocampo é capaz de manter uma lista de problemas esperados rondando, ativos na memória, como uma agenda interna do que será preciso fazer eventualmente. Quanto mais ativo o hipocampo, mais alto fala em nossos ouvidos essa agenda interna, que ainda ativa um alarme próprio, implacável: o locus coeruleus, “lugar azul” do cérebro que, ao contrário do que o nome sugere, é responsável por nos deixar tensos, acordados, prontos para a ação – e preocupados com problemas por resolver.


Se por um lado pode ser útil antecipar problemas (porque assim nos preparamos de antemão e temos mais chances de resolvê-los), lidar todo dia com uma longa lista deles – trabalhos a entregar, prazos a cumprir, roupas a lavar, compras a fazer, contas a pagar – pode ser exaustivo. O que fazer nessas horas? Resolver os problemas ajuda, mas em geral fazemos isso só para então descobrir que outros apareceram em seu lugar. A opção, bem-vinda após períodos de grande ansiedade, é decretar, temporariamente, que problemas futuros não existem, ou no mínimo podem ser ignorados com segurança por alguns dias.


A esses preciosos dias de alienação mental damos o nome de... férias. Ah, a doce sensação de viver somente no presente, ainda que por poucos dias! Em férias de verdade, as únicas preocupações que o hipocampo representa para o resto do seu cérebro são imediatas e triviais: onde almoçar, qual praia ou museu visitar, qual das redes da varanda oferecer a melhor combinação de vento e sombra ou que livro ler primeiro. Reconhecer que tiramos férias da nossa capacidade de viver antecipando os problemas do futuro ajuda a planejá-las, ou pelo menos a evitar autossabotagens. Portanto, nada de levar computador para resolver de longe os problemas do escritório; celular deve ser só para ligar para fazer a reserva do restaurante. Avise no trabalho e em casa que você não vai poder atender o telefone. Emergência? SMS existe para isso. E nada de maratonas do tipo “Europa-inteira-em-uma-semana”, pois só serviria para arranjar mais ansiedade.


E se não der para tirar duas boas semanas de férias... Que tal aprender a transformar cada fim de semana em miniférias em casa, no presente, sem preocupações com o trabalho da semana seguinte ou com os prazos a cumprir? Não é tão difícil quanto parece; experimente começar desligando o computador e deixando os e-mails para a segunda-feira. Afinal, você merece – e ainda tem chances de começar a semana revigorado, e até se esmerando ainda mais naquilo que não pôde fazer nas suas miniférias: trabalhar!

Suzana Herculano-Houzel é neurocientista, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

FONTE: Revista Mente Cérebro